Categoria: Geografia

Esta publicação busca auxiliar quem deseja conhecer um pouco mais da Geografia de Garopaba, Santa Catarina. É um compilado com textos, figuras e mapas que tenho utilizado nas aulas do IFSC, Garopaba.


 

1. Atlas geográfico de Garopaba, Santa Catarina

Para ver informações cartográficas de Garopaba, como a localização dos bairros, relevo, clima, aerofoto de 1978 e outros dados do município, acesse o Atlas de Garopaba em https://atlas.garopaba.me .
O Atlas funciona online e permite pelo celular mostrar a sua localização entre os dados exibidos.

 

 

2. Potencialidades de Garopaba, SC para a interpretação do patrimônio geomorfológico


   Com câmpus no município de Garopaba, SC o Instituto Federal de Santa Catarina busca gerir, divulgar e aplicar conhecimento e inovação que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico e cultural no município e região. Para isso, reconhecer as potencialidades no município de Garopaba, SC para a interpretação do patrimônio geomorfológico é valorizar a rica geodiversidade local, que pode ter valor atribuído a questões culturais, sentimentais, econômicos e até históricas.

    Um dos caminhos é por meio de unidades curriculares em cursos profissionalizantes que envolvem o Turismo e Meio Ambiente no câmpus. Essa ação exige estudar algumas particularidades da geodiversidade do município, encontrar meios de difundir o conhecimento sobre a mesma e destacar as potencialidades da mesma nas aulas e em ações locais. A própria geomorfologia de Garopaba, município do litoral sul catarinense, é algo de grande importância desde as ocupações pré-coloniais. Tanto que conforme Besen (1980) a primeira citação registrada de Garopaba é dada ao termo grafado como Yeupaba na Carta de Turim (Geocarta Nautica Universale de Giovani Vespucci), publicada em 1523 (Figura 1). Este nome foi dado pelos tupis-guaranis a região e significa: enseada, arco, local de fácil acesso para os barcos.

 Mapa de Turim

Figura 1: Mapa/Carta de Turim. Sua origem é a Geocarta Nautica Universale de Giovani Vespucci publicada em 1523. O detalhe em destaque possui o texto invertido, pois na época a disposição eurocentrista era a mais utilizada.

    Suas peculiaridades na geomorfologia costeira também tem outros registros históricos que permeiam hoje na valorização do patrimônio histórico-cultural mas retratam junto o natural. Um exemplo é a aquarela Villa Nova do francês Jean Baptiste Debret de 1828 (Figura 2), onde podemos destacar a armação baleeira (configuração da costa catarinense em tempos coloniais) na enseada e o destaque a presença de ilhas, dunas, morros e promontórios.

 Figura 2: Nome da obra: Villa-Nova. Autor: J.B.DEBRET. Ano: 1828 C.

    Já na década de 1970 a pequena comunidade pesqueira passa a receber atenção para o turismo e principalmente para a prática do surf devido à qualidade das ondas e a beleza da paisagem local. Desde então a economia local tem sido voltado ao turismo de sol e mar (COSTA, 2016). Mas além das praias o município tem como atrativos naturais elementos da geodiversidade que podem receber grande destaque no turismo e na educação como lagoas, cachoeiras, o matacão granítico da Pedra Branca (Fig), a pareidolia da Esfinge na Ponta do Galeão (Fig), oficinas líticas nos diques de diabásio costeiros (Fig), inscrições rupestres no promontório da Ponta da Velha(Fig) e trilhas locais como a Trilha dos Cavaleiros sobre a Serra de Paulo Lopes junto a comunidade quilombola do Fortunato e a trilha do Siriú entre dunas e restinga (Fig). Uma breve contribuição para explicar melhor esse patrimônio geomorfológico local é de Ab’Saber (2006):

 De Garopaba, Imbituba à borda sul da lagoa (Laguna). Região de praias sincopadas, entre esporões de maciços costeiros que foram paleoilhas. Pequenas lagoas no reverso dos maciços costeiros, entre fixes de restingas de antigas enseadas marinhas. Grandes possibilidades para um ecoturismo interno, se bem gerenciado e conduzido. Presença de campos de dunas subatuais, fixadas por vegetação rupestre semiarbórea, de grande biodiversidade, a serem melhor protegidas.

    Sobre a localização do município (veja lei 13.993) é importante salientar que o mesmo tem divisão municipal com Imbituba ao sul e sudoeste, Paulo Lopes a norte e noroeste e com o Oceano Atlântico a Leste. Abrangendo sua presença dentro de duas grandes Unidades de Conservação como a Parque Estadual Serra do Tabuleiro (ilhote do Siriú) e a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (atingido todo o litoral e parte continental). Conforme este limite o município possui uma área de aproximadamente 115,75km² em um perímetro de 67,324 km. Do ponto mais ao Norte ao mais ao Sul são 19,156km de comprimento e do mais ao Leste ao mais a Oeste 12,492km de largura (IBGE Cidades). Do ponto de vista geológico e geomorfológico, Garopaba podem ser divididas em dois domínios principais: Rochas ígneas plutônicas, de idade Pré-cambriana (Neoproterozoica) que dá forma aos morros e os depósitos cenozoicos costeiros que constituem as planícies costeiras (GERCO,2010). O mapa geológico Projeto Garopaba auxilia na compreensão da geologia do município (clique no link Mapa Geológico - Projeto Garopaba para conhecer o mapa).

  2)  Cartografia de Garopaba, SC

    Os materiais cartográficos fazem parte do acervo do laboratório MAGe (Meio Ambiente e Geomática) do IFSC câmpus Garopaba. São materiais relacionados às disciplinas de Geografia, que permitem a exploração e descoberta, descrição e análise geográfica geral,  conhecimento da história e dos nomes dos lugares. Estes materiais cartográficos no acervo estão definidos como dados espaciais apresentados graficamente na forma de mapas, atlas, globos e maquetes e modelos de terreno. Também estão incluídas nas coleções imagens de sensoriamento remoto e fotografias aéreas, entre outras bases de dados digitais disponibilizadas no endereço: http://bit.do/geomatica .

    Entre os materiais cartográficos um dos mais utilizados é a carta topográfica 1:50.000 - Imbituba, Folha SH-22-X-B-II-2 (Figura 8), disponível para download no Portal de Mapas do IBGE ou no link: http://bit.do/cartaimbituba. A Impressão da mesma não pode sofrer alteração de escala, pois  isso afeta a escala nominal da carta.

 

Figura 8: Detalhe da área central da cidade de Garopaba na Carta Topográfica Imbituba 1:50.000


ANEXOS


A LEI Nº 13.993, de 20 de março de 2007, define o atual limite de Garopaba:

 As divisas intermunicipais do município de Garopaba, integrante desta Lei, são:

A - Com o oceano ATLÂNTICO.

B - Com o município de IMBITUBA:

Inicia no ponto de coordenada (coordenada geográfica aproximada - c.g.a. lat. 28°06’45”S, long. 48°38’03”W), segue pelo divisor de águas até a coordenada (c.g.a. lat. 28°06’49”S, long. 48°38’21”W), segue por linha seca e reta até encontrar o Marco de Divisa - M.D. nº 841 (c.g.a. lat. 28°06’54”S, long. 48°39’08”W); segue por linha seca e reta até a coordenada (c.g.a. lat. 28°07’02”S, long. 48°39’59”W); segue por linha seca e reta até encontrar o M.D. nº 840 (c.g.a. lat. 28°06’17”S, long. 48°40’42”W), na rodovia SC-434; segue por linha seca e reta até encontrar o rio Araçatuba (c.g.a. lat. 28°06’07”S, long. 48°41’43”W); sobe por este até a coordenada (c.g.a. lat. 28°04’56”S, long. 48°42’23”W).

C - Com o município de PAULO LOPES:

Inicia no rio Araçatuba (c.g.a. lat. 28°04’56”S, long. 48°42’23”W), sobe por este até a foz do ribeirão da Cova Feia ou Cova Triste; sobe por este até sua nascente (c.g.a. lat. 28°00’24”S, long. 48°40’23”W); segue pelo divisor de águas da serra de Paulo Lopes, passando pelos pontos de cotas altimétricas 421, 281, 343 e 27 m, até encontrar a ponta da Faísca (c.g.a. lat. 27°56’39”S, long. 48°37’10”W). 


 
Referência:

AB'SABER, Aziz Nacib. Brasil: paisagens de exceção : o litoral e o Pantanal Mato-Grossense : patrimônios básicos. Cotia, SP: Ateliê, 2006. 182 p., il., algumas color. Bibliografia: p. 107-119. ISBN 8574802182.
BESEN, José Artulino. 1830-1980 São Joaquim de Garopaba (Recordações da Freguesia). Passo Fundo (RS): Gráfica e Editora BERTHIER, 1980.
BITTENCOURT, Maria de Fátima Bittencourt. Projeto Garopaba. Pesquisas em Geociências. Porto Alegre. v. 33, n. 1, supl. 1. 2006
BRILHA, José Bernardo Rodrigues. Patrimônio geológico e geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica. São Paulo: Palimage editora, 2005.
COSTA, Viegas Fernandes da. Turismo arqueológico e desenvolvimento sustentável: a possibilidade de aproveitamento do patrimônio arqueológico pré-colonial dos municípios de Garopaba, Imaruí e Imbituba (SC) para a promoção do desenvolvimento sustentável na região. 2016. 211 f., il. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional) - Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, Centro de Ciências Humanas e da Comunicação, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2016. Disponível em: <http://www.bc.furb.br/docs/DS/2016/360648_1_1.pdf>. Acesso em: 09 out. 2017.
GERCO. 2010. Implantação do Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro - Fase I: Diagnóstico Socioambiental - Setor Litoral Sul. Florianópolis: Secretaria de Estado do Planejamento - Diretoria de Desenvolvimento das Cidades/Ambiens Consultoria Ambiental, 393p.
IBGE. Carta Topográfica, Imbituba, Folha SH-22-X-B-II-2. Rio de Janeiro, 1976. Esc. 1:50.000, mapa policr.
QUOOS, João Henrique & FIGUEIRÓ, Adriano Severo. Potencialidades de Garopaba, SC para a interpretação do patrimônio geomorfológico. XII SINAGEO, 2018.